São comportamentos estranhos: muitos de nós encerramo-nos em casa, em frente ao computador, em busca de contacto humano. Entramos em redes sociais onde fazemos amigos, efetuamos partilhas, «gostamos» de coisas que imediatamente esquecemos.
Sentimos necessidade de reentrar, uma e outra vez, para ver o que aconteceu. E o que acontece é muito pouco ou nada. Fugazmente adere-se a uma causa ou a uma luta; noutras ocasiões exprimimos solidariedade.
Nunca saimos do sofá. O ecrã do portátil a morder-nos os olhos. Tivemos vaga atenção, exprimimos o nosso interesse por isto e aquilo.
É tarde. O apartamento está mergulhado no escuro. Estão todos a dormir. Passou-se um dia mais: já não nos lembramos bem da última vez que falámos com o nosso filho numa conversa verdadeira.
Rui Tinoco
(Imagem: Richard Lindner, Telephone, 1996)
É incrível como se torna ambígua a necessidade quase doentia de se manter em contacto, quando na realidade se está a perder o contacto…
As redes sociais por vezes não são mais do que um mecanismo que cria um falacioso sentimento de integração. E que diminui a capacidade de confrontação individual, com ou outros e mesmo com a realidade!!
Boa noite Hugo… realmente existe esse perigo de alienação. os reforços intermitentes dos “likes” e das mensagens parece que nos condicionam a gostar de nadas virtuais… Abraço
E se a atenção apesar de fugaz for intensa?
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